INTRODUÇÃO
Há 40 anos o curso de Engenharia de Pesca surgi no Brasil, incentivado a partir do momento em que o Governo Federal lançava o Decreto de Lei N° 221 de 28/2/1967, determinando a reorganização e a regulamentação das atividades das colônias de pescadores, federações e confederação geral dos pescadores do Brasil, bem como dos incentivos ficais e financeiros para o desenvolvimento da pesca nacional. Portanto, a necessidade da participação das universidades federais, estaduais e ate mesmo de particulares e institutos na formação de profissionais habilitados para atender o setor pesqueiro.
Em 13 de Julho de 1970 por meio da Resolução N° 12-A foi criado na UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco cinco novos cursos, dentre eles, encontrava-se o de Engenharia de Pesca, sendo o primeiro da America Latina. Por muito tempo o curso restringia-se aos estados de Pernambuco (Recife) e de Ceará criado em 1971 em Fortaleza. (Soares, 2004).
O curso e de extremo interesse para o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional, sendo considerado pelas organizações governamentais como estratégico no âmbito da extensão pesqueira.
Em 1976 o curso foi reconhecido por meio do Decreto Lei 78.464, de 22/9/76, sendo esse feito possível através da mobilização dos profissionais da engenharia pelo o desenvolvimento e estabilidade da profissão.
O QUE E A ENGENHARIA DE PESCA?
A engenharia de pesca é um ramo da engenharia e da biologia que desempenha atividades referentes ao aproveitamento dos recursos naturais aquáticos, através da Aquicultura, da Pesca e Tecnologia do pescado, bem como da preservação dos estoques pesqueiros e da fauna aquática.
Aplica conhecimentos básicos da biologia, oceanografia, geologia, economia, desenho técnico, topografia e entre outras área de conhecimento, além do conhecimento especifico do curso como estatística pesqueira, economia pesqueira, qualidade e tecnologia do pescado, microbiologia e outros, e das ciências exatas (física, matemática e química) para desenvolver técnicas que permitam melhorar os resultados das atividades pesqueiras.
PERFIL PROFISSIONAL
A formação em engenharia de pesca é uma habilitação que integra a área das ciências agrárias e qualifica, em nível superior, profissionais para a intervenção técnico-científica em aqüicultura, pesca e tecnologia do pescado, bem como em atividades de pesquisa e extensão na área de biotecnologia e demais serviços voltados à aqüicultura e pesca, constituindo-se, desta maneira, em uma área do saber que intervém na realidade com base científica própria.
Desta maneira, o engenheiro de pesca deve ser um profissional capaz de entender com clareza a dinâmica da realidade em que atua, para que possa propor efetivamente atividades que transformem o quadro atual dos produtores, industriais e pesquisadores envolvidos com atividades de pesca da região.
MERCADO DE TRABALHO
No Brasil, o grande pólo pesqueiro está no Nordeste, Norte e Sul. "Mas a mão-de-obra não se localiza somente no litoral, porque nosso país tem o maior potencial de água doce do mundo", explica o presidente da FAEP-BR (Federação das Associações de Engenheiros de Pesca do Brasil), Leonardo Teixeira de Sales.
As perspectivas do mercado são otimistas. "Não há um horizonte de queda porque o Brasil é muito jovem nessa atividade. Acredito que nos próximos 15 ou 20 anos continuaremos crescendo na produção pesqueira", afirma Teixeira. "A expectativa é de crescimento, ou seja, o Brasil apresenta um dos maiores potenciais para a aqüicultura continental e marinha do mundo, além da pesca. A Aqüicultura se apresenta como uma das atividades de produção de alimento que mais cresce no mundo atualmente. Vejo que os futuros profissionais devem exercer a profissão obedecendo aos conceitos do desenvolvimento sustentável, baseado na eficiência econômica, na equidade social e na prudência ecológica, permitindo produzir e explorar organismos aquáticos ao longo do tempo" destaca o profissional Rodrigo Campagnolo. Também a grande importância da aplicação do conhecimento da ciência e tecnologia do pescado para o reaproveitamento de resíduos do processamento de pescado, como forma de agregar valor a essa matéria prima que antes era descartada.
Há opções de trabalho também no exterior, já que o engenheiro brasileiro é muito bem visto lá fora. Tanto que muitos engenheiros do Brasil já atuaram ou atuam na FAO (Food and Agriculture Organization), uma organização internacional que trabalha com estatísticas, ordenamento e administração de recursos alimentares. Porém, Bombardelli ressalta: "Todo profissional de terceiro mundo sofre uma certa discriminação independentemente da profissão". A maior dificuldade que os engenheiros de pesca encontram é a falta de reconhecimento da profissão, o que acaba dando espaço para biólogos, zoólogos e oceanólogos dentro da área. "Os primeiros profissionais que se formaram sentiram muita dificuldade em ter credibilidade, porque as pessoas não conheciam o trabalho. Mas é uma desvantagem que com o passar do tempo será superada", acredita o coordenador.
FORMAÇÃO ACADÊMICA
As disciplinas das áreas das ciências exatas e biológicas, como cálculo, estatística, ecologia e zoologia, fazem parte do currículo deste profissional. O estudante tem, ainda, aulas de biologia pesqueira, bioquímica, meteorologia e tecnologia do pescado, aqüicultura, economia e administração de empresas pesqueiras, e como já foi citado anteriormente, existem muitas disciplinas que compõe a grade curricular.
As aulas práticas ocupam boa parte da carga horária. Sendo realizadas em laboratório e a campo. Nelas, o aluno aprende técnicas de navegação, métodos de processamento do pescado, cultivo de peixes, moluscos, crustáceos, plantas aquáticas e outros organismos aquáticos, entre outras atividades, ressaltando que a grade curricular pode varia de universidade para universidade, e também de região.
DISCIPLINAS DO CURSO:
- Matemática
- Introdução a Análise Química
- Química Biológica
- Botânica Aquática
- Zoologia Aquática
- Fundamentos de Sociologia Rural
- Física
- Bioquímica
- Ecologia Geral
- Análise Química
- Introdução a Computação
- Microbiologia
- Desenho Técnico Aplicado
- Métodos Estatísticos Aplicados à Pesca
- Mecânica Aplicada à Pesca
- Controle e qualidade do pescado
- Topografia
- Limnologia Abiótica
- Malacologia
- Meteorologia Física e Sinótica
- Geologia de Ambientes Aquáticos
- Ictiologia
- Fisioecologia de Animais Aquáticos
Obs.: essas são algumas das disciplinas do curso, como citado anteriormente, estão sujeitas a mudanças.
CAMPO DE ATUAÇÃO
Setor Público: Órgãos públicos como Secretarias Municipal, Estadual e Federal, bem como, relacionados à preservação e conservação do meio ambiente (Ibama, Emater, e outros).
Iniciativa Privada: Empresas privadas como, fazendas de cultivo (Aquicultura e seus vários ramos de cultivo), Embarcações pesqueiras, e frigoríficos de pescado e frutos do mar.
Outras opções: Passa por um processo seletivo para preenchimento de vagas de professor em uma universidade, são muitos os profissionais que desejam continua sua carreira acadêmica sendo professor e elaborando pesquisas. Pode também atuar como consultor em empresas, e se for o caso pode ter o desenvolvimento de seu próprio negocio, nas áreas de conhecimentos nas quais somos habilitados (Aqüicultura, Pesca e Tecnologia do Pescado), sendo que muitos que optam por faze o curso são geralmente filhos de aquicultores e pescadores.
CURSOS DE ENGENHARIA DE PESCA EXISTENTE NO BRASIL
01 - Alagoas - Universidade Federal de Alagoas
02 - Amapá - Universidade do Estado do Amapá
03 - Amazonas - Universidade Federal do Amazonas
04 - Bahia - Universidade do Estado da Bahia / Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
05 - Ceará - Universidade Federal do Ceará
06 - Maranhão - Universidade Estadual do Maranhão
07 - Pará - Universidade Federal do Pará / Universidade Federal Rural da Amazônia
08 - Paraná - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
09 - Pernambuco - Universidade Federal Rural de Pernambuco
10 - Piauí - Universidade Federal do Piauí
11 - Rio Grande do Norte - Universidade Federal Rural do Semi-Árido
12 - Rondônia - Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR
13 - Sergipe - Universidade Federal de Sergipe
14 - Santa Catarina - Universidade do Estado de Santa Catarina
Olá pessoal, espero que tenhamos ajudado em duvidas a respeito do curso, e para maiores informações indico um livro que foi bastante importante para o entendimento sobre o histórico da engenharia de pesca no País, “A ENGENHARIA DE PESCA NO BRASIL, TRAJETÓRIA DE 40 ANOS” sendo seus autores os professores Maria do Carmo e Fábio Hissa, ambos da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.